Cavalheiros não olham para mulheres noivas do jeito que Ras Sorrentino me olha.
Ras Sorrentino é o subchefe do clã mais poderoso da Camorra. Ele é caos e perigo engarrafados num terno italiano impecável.
Na primeira vez que o encontrei, pensei que viesse me matar. Na segunda, quis matá-lo.
A terceira foi em Ibiza, quando o encarei cruzando o corredor da igreja enquanto minha irmã se casava com o chefe dele.
Não é a língua afiada nem os sorrisos provocadores que eu mais odeio. É o olhar dele.
Como ele se estreita quando eu me encolho.
Como se endurece quando nota os hematomas no meu rosto.
Como fixa o olhar no meu anel de noivado como se quisesse derretê-lo do meu dedo.
Sei que é péssima ideia deixá-lo mexer comigo. Afinal, o destino da minha família depende do meu casamento, e meu noivo só está interessado em mim por causa da minha reputação imaculada.
Uma reputação que Ras parece não ter problema algum em pisotear sem cerimônia.
Ainda bem que vivemos em lados opostos do mundo.
Até ele me avisar que vem comigo para Nova York.
E que vai ficar.
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